Por Matt Ball (activista, co-fundador da organização Vegan Outreach e co-autor do livro The Animal Activist’s Handbook: Maximizing Our Positive Impact in Today’s World )
Finalmente vimos o filme Lincoln, e achamo-lo extraordinariamente pertinente. O herói é claramente Thaddeus Stevens (interpretado por Tommy Lee Jones). Mais do que qualquer outra pessoa, ele tinha um motivo para pregar que não devia haver nenhum meio-termo em relação à igualdade, para exigir a total abolição de toda e qualquer discriminação, e insistir em nada menos do que os direitos plenos e totais imediatamente. Ele manifestamente teria razão em enfurecer-se com ódio pelos racistas maldosos no Congresso (mesmo um século e meio depois, sabendo que a História dá razão a Thaddeus, é difícil não ficar indignado ao assistir a uma reconstituição deste debate que está no passado).
Apesar disso, o Representante Stevens não cedeu à sua ira compreensível. Em vez de ser “fiel a si próprio” – justificado e justo, e do lado que ia perder – ele escolheu colocar o progresso possível por cima da pureza pessoal, o avanço progressivo por cima da ira impotente.
Isto – o progresso em vez da pureza – é o mantra da Vegan Outreach (mas nem sempre), que foi obtido à custa de muito esforço. Gostava que um de nós o tivesse resumido tão bem como Jonathan Safran Foer que, na sua entrevista com o Erik Marcus, do site Vegan.com, explicou as duas motivações para o seu livro, Comer Animais: ser útil; e convencer novas pessoas a considerarem dar o primeiro passo, em vez de lhes exigir o último.
Fui lembrado disto no Facebook recentemente. Os nossos amigos da Compassion Over Killing têm a VegWeek [SemanaVeg], uma maneira positiva, não intimidativa de persuadir novas pessoas a interessarem-se em dar o primeiro passo. Mas numa publicação do FB a promover a VegWeek, todos os juízes apareceram do nada: “Porquê só uma semana? Sê vegano para sempre!”, “Quando dizem ‘veg’ é melhor quererem dizer Vegano!”, Etc.
Claro que todos nós queremos que os nossos pontos de vista e convicções sejam validados, especialmente quando actualmente são mantidos apenas por uma minoria. Mas a questão é: “Nós procuramos justificar os nossos pontos de vista/glorificarmo-nos, ou queremos convencer o máximo de pessoas possível a darem o primeiro passo pelos animais?” Podemos, tal como o Thaddeus Stevens, arder numa ira justa, mas podemos também reconhecer que para fazer progresso real para reduzir o sofrimento real precisamos de ultrapassar a nossa fúria e adoptar um activismo eficaz, ponderado e focado.
Se nós antes de mais nada nos preocupamos verdadeiramente com os animais, podemos abolir os nossos desejos e exigências pessoais, e em vez disso, focarmo-nos em fazer progressos reais e práticos pelos animais que estão a sofrer até à morte todos os dias. Fazer isto requer que se abram os corações e mentes dos outros. Isto não se faz com ira e ódio, mas sim com compaixão e compreensão.
Tu e eu temos o apoio um do outro; os animais precisam que nós sejamos firmes e constantes na nossa dedicação em ajudá-los o melhor que podemos.
Tradução: Nuno Metello
Artigo traduzido com a permissão do autor.
Original: http://whyveganoutreach.blogspot.pt/2013/04/lincoln-and-first-step.html