O número de estudos e pesquisas científicas que o comprovam é cada vez maior: os riscos de saúde associados ao consumo excessivo de carne e de outros produtos de origem animal são hoje em dia bem conhecidos, e os benefícios associados a uma dieta baseada em alimentos de origem vegetal são cada vez mais evidentes.
Muitos especialistas são unânimes em afirmar que tornar-nos veganos ou veganas pode ajudar-nos a viver uma vida mais longa, saudável e feliz. Mas será que os benefícios pessoais relacionados com a saúde são a única vantagem deste tipo de alimentação? Convidamos-te a descobrir connosco os 5 benefícios mais significativos da dieta vegetariana.
Risco reduzido de doenças cardiovasculares
A carne e os seus derivados contêm geralmente grandes quantidades de gorduras saturadas e trans, que contribuem para aumentar os níveis de colesterol no sangue humano. O colesterol pode causar depósitos de gordura nos vasos sanguíneos, o que intensifica o risco de acidente vascular cerebral e de outras patologias arteriais ou cardíacas que são hoje em dia a principal causa de mortalidade em Portugal e no mundo.
Os alimentos à base de plantas como o são as frutas, os vegetais ou as leguminosas, que constituem grande parte da alimentação vegetariana, são por natureza, desprovidos ou baixos em colesterol, o que ajuda a manter a pressão arterial nos níveis desejáveis e consequentemente reduz o risco de doença cardiovascular. Em comparação à população omnívora, as pessoas vegetarianas consomem em geral também maiores quantidades de nozes e cereais integrais, escolhas saudáveis e necessárias para manter o coração em bom funcionamento.
Um estudo especificamente centrado na correlação entre uma alimentação de base vegetal e a saúde cardiovascular foi recentemente publicado por uma equipa do Physicians Commitee for Responsible Medicine em Washington D.C. nos Estados Unidos. Os investigadores concluíram que uma alimentação estritamente vegetariana reduz em 40% a probabilidade do ser humano morrer devido a problemas cardiovasculares.
Risco reduzido de diabetes e de alguns tipos de cancro
Sabias que Portugal é o país da União Europeia com o maior número de diabéticos (13% da população, segundo o último estudo realizado em 2015 pelo Observatório Nacional da Diabetes) e que são diariamente diagnosticadas no nosso país 200 novas pessoas com esta doença?
Acontece que 90% dos diabéticos portugueses sofrem de diabetes de tipo 2, patologia que se encontra fortemente associada ao estilo de vida, no qual se incluem os hábitos alimentares. Estudos recentes indicam que adotar uma alimentação vegetariana saudável à base de legumes, frutas, leguminosas, oleaginosas e cereais completos, ajuda a reduzir os riscos e os sintomas associados à diabetes e pode ser o tipo de alimentação mais indicado para quem sofre desta patologia.
Também no que diz respeito ao cancro, uma análise recente efetuada sobre estudos científicos conduzidos com o objetivo de investigar a redução do risco de cancro e o vegetarianismo, indica que a adoção de uma dieta vegetariana pode ser uma estratégia altamente eficaz na prevenção da doença e na prevenção da sua reincidência, nomeadamente no que toca ao cancro da próstata, ao cancro da mama e ao cancro colorretal, que são, segundo a Direção Geral de Saúde, os tumores mais frequentemente encontrados na população portuguesa.
Os vegetarianos que consomem alimentos ricos em nutrientes essenciais, por concentrarem menores quantidades de gordura saturada no corpo e carregarem maiores níveis de carotenóides no sangue, fitoquímicos de ação antioxidante e ligados à proteção do organismo, apresentam assim um risco menor de contrair doenças crónicas que afetam negativamente a qualidade de vida do ser humano.
Pode ajudar-te a manter um peso ideal
Portugal ocupa o quarto lugar dos países da OCDE com população mais obesa. Segundo o último relatório Health at a Glance da OCDE, 67,6% da população portuguesa acima dos 15 anos tem excesso de peso ou é obesa. Esta doença complexa e multifatorial é um dos principais problemas do século XXI, tendo já atingido proporções epidémicas no país e no mundo – hoje em dia a mortalidade associada à obesidade é mais elevada do que a mortalidade causada por subnutrição.
Sabemos, graças às mais recentes investigações científicas, que abraçar uma dieta à base de vegetais, frutas e cereais completos é um dos passos mais importantes que podemos dar para atingirmos um peso saudável e nos sentirmos bem nos nossos corpos. Um estudo apresentado no Congresso Europeu de Obesidade, em 2017 no Porto, demonstrou que a dieta vegetariana poderá reduzir em até 43% o risco de desenvolver obesidade.
Ainda assim, ser vegetariano não garante por si só perda de peso. É muito importante que façamos as escolhas certas no que toca às calorias energéticas que colocamos nos nossos organismos a cada refeição, apostando numa alimentação rica e variada principalmente à base de alimentos frescos e completos e evitando alimentos processados, com altos teores em gorduras e açúcares.
Poupas a vida a muitos animais inocentes
Até agora vimos alguns benefícios que uma alimentação vegetariana pode trazer-nos a nível pessoal, nomeadamente no que diz respeito à saúde. Mas será que somos conscientes do impacto positivo que poderá ter a adoção de uma dieta à base de vegetais no mundo à nossa volta? Olhemos, por exemplo, para as consequências que esta mudança de hábitos alimentares poderá ocasionar na vida de seres de outras espécies animais que connosco coexistem no planeta.
De acordo com dados da DGAV (Direcção-Geral de Alimentação e Veterinária), só no ano de 2018, o número total de animais mortos em Portugal foi de quase 257 milhões, ou seja, cerca de 25 vezes a população humana do nosso país. Sabendo que é possível manter uma alimentação saudável e equilibrada à base de plantas, é realmente uma escolha nossa continuarmos a consumir carne, peixe e outros produtos de origem animal, alimentando assim escusadamente o sofrimento de tantos seres sencientes inocentes à nossa volta.
Uma pessoa que opta por uma alimentação vegetariana ou vegana não poupa diretamente a vida dos muitos animais que são executados para consumo humano, mas fá-lo de maneira indireta ao agir na diminuição da procura destes produtos no mercado. Quanto menor for a procura por produtos de origem animal por parte dos consumidores, menor será a produção necessária e, em consequência, o número de animais que são mortos para a alimentação humana.
Ajuda-te a reduzir a tua pegada ecológica no planeta
As enormes quantidades necessárias de cereais e de água para alimentar a criação de animais para consumo, assim como todo o processo desde a sua matança, passando pelo seu transporte ao seu armazenamento, acarreta níveis de consumos energéticos que são insustentáveis para a vida no nosso planeta. Para que a criação de animais para consumo humano seja possível, são cortadas florestas ancestrais que assumem um papel fundamental na absorção dos gases de efeito de estufa. Segundo o WWF, 80% da desflorestação verificada na Amazónia, deve-se à criação de gado para consumo humano.
De acordo com o último relatório das Nações Unidas sobre Ciência Climática, ao mudarmos os alimentos que comemos, bem como a maneira como são cultivados e produzidos, podemos ajudar a impedir os impactos devastadores das alterações climáticas. Uma medida simples que podemos tomar enquanto indivíduos, é parar de comer carne, ovos e laticínios. Ao adotarmos uma dieta vegetariana e deixarmos de consumir esses alimentos, ajudaremos assim a travar uma das principais causas dos desequilíbrios ecológicos atuais que colocam em causa o bem-estar das gerações futuras no planeta. E quem de nós não quer deixar uma Terra saudável aos nossos descendentes?