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Suiniculturas em Leiria: um atentado ambiental

Com mais de 600 explorações pecuárias ativas, das quais cerca de 400 são suiniculturas intensivas, o distrito de Leiria vem sofrendo, há mais de 20 anos, impactos ambientais desmesurados causados por descargas ilegais de resíduos no rio Lis e nas ribeiras que lhe são afluentes.

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Com mais de 600 explorações pecuárias ativas, das quais cerca de 400 são suiniculturas intensivas, o distrito de Leiria vem sofrendo, há mais de 20 anos, impactos ambientais desmesurados causados por descargas ilegais de resíduos no rio Lis e nas ribeiras que lhe são afluentes.

Um problema que exige uma mudança profunda no modo de funcionamento destes estabelecimentos e que nos leva a questionar a importância da continuação da existência de um setor de atividade que prejudica irremediavelmente o ambiente e que coloca em risco a saúde das populações locais. Felizmente, há quem esteja agindo para tentar remediar a situação. Fica connosco e descobre o que podes fazer para colaborar com quem está determinado em encontrar soluções para esta verdadeira catástrofe ambiental.

Uma indústria com terríveis impactos ambientais 

Em Portugal, a carne de porco representa quase 40% do consumo total de carne do país. Cada habitante come, em média, 44 kg de porco por ano e a fileira produz 366 mil toneladas de carne. A indústria da pecuária concentra-se maioritariamente no Ribatejo e no oeste do país, que contam com mais de 50% do efetivo suíno nacional. Este setor de atividade acarreta consequências ambientais extremamente nefastas para a saúde e o ambiente. 

Segundo a Agência Portuguesa do Ambiente, 55 dos 62 sistemas aquíferos existentes em Portugal Continental apresentam valores alarmantes de azoto amoniacal e de nitratos que decorrem maioritariamente da produção animal intensiva, nomeadamente da suinicultura.

Só na região de Leiria podem contar-se cerca de 400 explorações pecuárias intensivas, que vêm contribuindo grandemente para a devastação dos solos agrícolas e a poluição de recursos hídricos essenciais no ecossistema local. A população local, recorda com certa tristeza, os tempos em que era possível tomar banho e até consumir a água do rio Lis e da ribeira dos milagres. Hoje, as pessoas que ali moram ou por lá passam, deparam-se com odores fétidos difíceis de suportar, que tendem a intensificar-se nos dias mais quentes. Fezes, urina, restos de ração animal, resíduos resultantes da limpeza de equipamentos e até animais mortos vão parar às águas do rio que é a principal fonte de água da região. 

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Um problema que se arrasta e que é até financiado pelo governo

Embora se fale desde 2010 sobre um projeto para a construção de uma nova ETES (Estação de Tratamento de Efluentes Suinícolas), dez anos depois não se verifica qualquer desenvolvimento da obra para a qual seria necessário um investimento total de 21 milhões de euros, 9.1 milhões dos quais oriundos de fundos nacionais e comunitários. Mas será que a construção de uma ETES financiada em parte com dinheiro público, poderá e deverá ser uma solução real para este problema causado por empresas privadas que visam a obtenção de lucro em detrimento do bem-estar social e ambiental?

Apesar da crescente problemática, o Estado português continua a financiar este setor privado cujo modelo intensivo de produção é nefasto para o ambiente e para a saúde humana. Só neste último ano de 2020, o governo português, através do Programa de Desenvolvimento Rural, disponibilizou 5 milhões de euros para o setor da pecuária. Será que faz sentido que o dinheiro de todos nós, cidadãos, ajude a financiar práticas claramente insustentáveis e que estão na origem de desafios tão importantes para a saúde pública e a conservação da natureza?

O sofrimento animal envolvido no meio do flagelo ambiental

Para além das consequências adversas para o ambiente e para a saúde humana, não descartemos também a aflição que é causada aos animais criados neste contexto. Os sistemas de produção de suinicultura intensiva caracterizam-se pela criação de suínos completamente confinados, em que todas as fases produtivas ocorrem em diferentes pavilhões fechados. Neste tipo de sistemas, as tecnologias são muito usadas de modo a rentabilizar e aumentar a produtividade, e o bem-estar animal passa muitas vezes para último plano. 

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Assina a petição, por um futuro sustentável para todos!

Na tentativa de travar esta situação manifestamente nefasta para o ambiente, mas também para os humanos e os animais que são por ela tão fortemente afetados, um pequeno grupo de cidadãos empenhados lançou a petição pública “Pelos crimes ambientais praticados por suiniculturas na Região de Leiria, que já foi assinada por mais de 4500 pessoas conscientes de que o poder da mudança reside na ação de cada um e cada uma de nós.


Se concordas que este é um problema que não pode mais arrastar-se, faz a tua parte! Assina a petição e partilha com os teus amigos, familiares, nas redes sociais, onde queiras… mas assegura-te de que a mensagem é transmitida de modo a chegar ao maior número possível de pessoas, para que juntos possamos ajudar a frear aquilo que não tem mais lugar num futuro ético e sustentável para a região de Leiria.

Autoria: Tatiana Abreu
Ilustrações: Mónica Milheiro

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