Apesar de 70% dos consumidores reconhecerem a existência de um impacto ambiental, somente 12% acreditam estar bem informados sobre o assunto. Para ajudar a colmatar esta falha de conhecimento, neste artigo procuramos mostrar-te a importância de usarmos detergentes ecológicos, em vez dos detergentes convencionais.
A urgência de substituir os detergentes convencionais pelos detergentes ecológicos
Este tema é cada vez mais actual, sobretudo quando se sabe que os comportamentos individuais mais comuns podem ter um impacto ao nível global. Por isso, é importante que as nossas escolhas reflictam as nossas preocupações, mas, sobretudo, que resultem na redução do impacto ambiental.
No caso particular dos detergentes e produtos de limpeza, não estamos a falar apenas das suas repercussões no ambiente, mas também das suas consequências ao nível da saúde. De facto, a generalidade destes produtos é composta por ingredientes nocivos para a nossa saúde e com consequências nefastas para o ambiente.
Exemplo disso são os compostos tensioativos, ou surfactantes, os quais contribuem para a remoção da sujidade e gordura, bem como para a sua dispersão na água. Todavia, este composto é, geralmente, derivado do petróleo – que, além de ser um recurso fóssil e, portanto, não renovável, apresenta uma degradação lenta e incompleta.
Adicionalmente, grande parte dos produtos de limpeza integra um conjunto de substâncias químicas com o objectivo de os tornar mais eficientes e eficazes. A questão é: com que custo para a nossa saúde?
Assim, a primeira coisa a ter em conta ao comprar detergentes ecológicos é que estes sejam biodegradáveis e não tenham ingredientes químicos na sua composição. Ou seja, estão muito menos tempo nas águas e solos – evitando, por isso, a respetiva contaminação; em segundo lugar, ao serem compostos por ingredientes vegetais tendem a possuir propriedades benéficas para a saúde.
Sobre os detergentes convencionais
Composição e Impacto Ambiental
Como já referido, a maioria dos produtos de limpeza contém surfactantes ou tensioativos – a sua componente abstergente, que permite a remoção da sujidade e gordura. A sua capacidade de reduzir a tensão superficial da água faz com que as moléculas escorreguem mais, pelo que são menos susceptíveis de se colarem a si próprias e mais susceptíveis de interagir com óleo e gordura.
Sem os tensioactivos, os sabões não se misturariam com a água; apenas rolariam na água, tornando o processo de limpeza muito mais difícil.
Apesar de existirem surfactantes naturais, com efeitos comprovados, a verdade é que a maioria das grandes marcas continua a recorrer aos surfactantes derivados do petróleo. Um dos problemas do uso dos detergentes convencionais reside precisamente nesta origem fóssil: um recurso não renovável.
Outro grave problema deste tipo de composição é o seu processo de degradação. Um processo que, além de lento e incompleto, pode resultar na formação de compostos ainda mais perigosos que os químicos originais. As consequências são óbvias: contaminação das águas pluviais e dos solos.
Uma outra questão, igualmente problemática, tem a ver com a introdução dos fosfatos na composição dos detergentes convencionais, com o objectivo de melhorar o seu desempenho em águas duras. O que, como consequência da sua utilização prolongada, se reverte numa acção negativa sobre o ambiente.
O excesso de fósforo nas águas, ao actuar como nutriente, provoca um aumento na produtividade biológica, o que pode desencadear o fenómeno designado de eutrofização. Ou seja, um crescimento excessivo de algas e outra vegetação aquática. Daqui podem resultar duas situações prejudiciais:
- Uma drástica redução da disponibilidade hídrica, com diminuição da sua qualidade e quantidade, e crescente perda da capacidade de sustentabilidade do sistema. Consequentemente, alguns usos da água podem ficar comprometidos, em especial o abastecimento público, contribuindo para um cenário de escassez.
- Toda aquela vegetação excessiva à superfície bloqueia a passagem de luz solar, o que leva à morte, tanto das plantas no fundo dos lagos, como dos seres vivos que necessitam de se alimentar destas mesmas plantas.
O Excesso de Espuma
Geralmente, associamos a espuma à maior eficácia de um produto de limpeza. Ou seja, àquilo que seria uma menor tensão superficial da solução alcançada pelo produto. Não obstante, esta tensão não está directamente associada à já referida componente abstergente – que conduz à capacidade de limpeza.
Além de não significar mais eficácia, o excesso de espuma tem diversas consequências negativas. Desde logo por danificar as peças das máquinas de lavar. Todavia, as suas consequências em termos ambientais são desastrosas, em particular quando combinadas com o já mencionado uso dos fosfatos.
De resto, a nocividade deste excesso é reconhecida e punida por lei desde 1990. Conforme se pode ler no Decreto-Lei nº 8 / 90:
“A formação abundante de espuma é um dos efeitos poluentes dos detergentes sobre as águas, pois limita o contacto entre a água e o ar, torna difícil a oxigenação daquela, perturba a navegação, compromete a fotossíntese necessária à vida da fauna e da flora aquáticas, incide desfavoravelmente nas diferentes fases do processo de depuração das águas residuais, prejudicando o funcionamento das respectivas estações de tratamento, e constitui um risco microbiológico indirecto, devido ao possível transporte de bactérias e vírus”.
Os danos estendem-se às aves aquáticas, cujo revestimento de óleo nas penas lhes permite boiar, ao criar uma camada de ar entre si e a água. O que sucede é que a espuma lhes retira esse revestimento, podendo então resultar no afogamento dessas aves.
Testes em Animais
Para piorar ainda mais o cenário, muitas marcas continuam a testar em animais. Para saberes mais sobre o que pode ser um produto livre de crueldade (cruelty-free), vê aqui. Por isso, é importante saber quais são as marcas e produtos de limpeza cruelty-free, como por exemplo a EcoX, que garante que os seus detergentes ecológicos não contêm ingredientes de origem animal e que nenhuma das suas fórmulas é testada em animais.
Vantagens em Usares Detergentes Ecológicos
1.Preservar o Meio Ambiente
Em primeiro lugar, os produtos de limpeza ecológicos, além de serem biodegradáveis, são livres de fosfatos e químicos – os seus ingredientes são de origem vegetal. Por isso, não são tóxicos para os organismos aquáticos. O que significa que, além de uma rápida decomposição, não geram resíduos poluentes que se acumulem na natureza.
2.Poupar Energia e Reduzir a Pegada Ecológica
Os produtos de limpeza da roupa e da louça são muito eficientes, mesmo a baixas temperaturas – a sua eficácia pode ser atingida a 30 °C; o que se traduz em poupança.
Além disso, muitos deles são concentrados, por isso, a sua dosagem é de pequena quantidade – sendo, portanto, uma forma de reduzires a tua pegada ecológica.
Existem outras formas para diminuíres esta pegada em termos de produtos de limpeza. Desde logo, optando por adquirir produtos e marcas portuguesas, como é o caso da Ecox que, além de reutilizar óleo alimentar na produção de uma série de produtos de limpeza, aceita as tuas embalagens usadas para as reencher.
A questão da embalagem é, aliás, uma das grandes vantagens dos produtos ecológicos: além de privilegiarem o plástico reciclável e reciclado, não podem ter microplásticos na sua composição.
Também podes aventurar-te na produção dos teus detergentes e produtos de limpeza. Podes ficar surpreendido com a variedade, e até com a facilidade, dessa produção caseira.
3.Proteger a tua Saúde e a dos outros Animais
Como os produtos de limpeza ecológicos não devem ter ingredientes químicos na sua composição, também não terão substâncias que provoquem reações alérgicas, tão-pouco doenças cancerígenas.
Ao usares este tipo de produtos estás a acautelar, ainda, a não inalação dos compostos orgânicos voláteis que podem ser libertados pelos produtos convencionais, os quais podem permanecer no ar por muito mais tempo do que imaginamos.
Ao mesmo tempo, também estás a evitar que crianças e animais domésticos sejam expostos a produtos tóxicos e perigosos, aquando das suas brincadeiras.
4.Fazeres a tua Parte
Cada gesto nosso representa uma escolha para preservar o planeta e proteger os seres vivos mais vulneráveis e expostos às consequências do que nós, enquanto humanidade, temos vindo a fazer ao longo dos séculos.
Como afirma Yuval Noah Harari: “Os seres humanos estão a destabilizar a biosfera global em diversas frentes. Estamos a extrair cada vez mais recursos do ambiente e, em simultâneo a enchê-lo de enormes quantidades de lixo e poluição, alterando a composição dos solos, da água e da atmosfera”. (Yuval Noah Harari (pág. 144) 21 Lições para o século XXI. Editora Elsinore. 2020)
Da nossa parte, continuaremos a difundir elementos que contribuam para escolhas mais conscientes, sustentáveis e que respeitem todos os seres vivos e o nosso Planeta, a nossa Casa.
Autoria: Ana Luísa Pereira
