Mesmo que vivas num apartamento, verás como é possível ter uma horta produtiva. Quem sabe até ganhes gosto e te inscrevas em algum projeto de hortas urbanas da tua zona de residência.
Passos para ter uma horta em casa
1. Seleccionar o local
A primeira coisa que tens de decidir é a localização, quer em termos de espaço disponível na casa – por ex. uma varanda, perto de uma janela, um canto na marquise ou, melhor ainda, um terraço –, quer em termos de exposição solar: o factor determinante.
Se for no interior de casa, a horta deverá ficar localizada junto a uma janela, de preferência virada a sul, uma vez que a incidência da luz é maior.
Também no exterior esta exposição a sul é a mais favorável, mas se tiveres uma varanda ou terraço com outra exposição solar, nomeadamente a este ou oeste, o melhor é conceber a horta no lado norte desse espaço, de modo que esta beneficie da luz recebida a sul.
Nota que a horta poderá ter outro tipo de exposição, não obstante, as tuas sementes ou plantas demorarão mais tempo a germinar ou a crescer. Se tiveres a sorte de teres um terraço no topo do edifício, é provável que não tenhas limitações em termos de luz.
A dimensão da horta e da quantidade e variedade de produtos depende, naturalmente, do espaço que tiveres. A escolha do tipo de recipientes também decorrerá da área seleccionada. Mas não apenas, como poderás verificar de seguida.
2. Escolher os recipientes
Os recipientes dependem da necessidade do tipo de plantas por que optares. Ou seja, deverás ter em atenção a profundidade expectável das suas raízes, bem como a necessidade de drenagem, a fim de garantir a circulação de água e de nutrientes.
Para que a drenagem aconteça de maneira conveniente, é aconselhável que coloques uma camada drenante de bolas de argila expandida (leca), com cerca de 3 a 5 cm de altura, no fundo do recipiente. Também é primordial que o recipiente seja furado por baixo de modo a permitir o escoamento da água em excesso. A fotografia abaixo ilustra o referido.
Quanto à dimensão, os recipientes deverão possuir no mínimo 25 l de capacidade, uma vez que a maior parte das ervas e vegetais precisa de profundidade para crescer de forma adequada. Alguns exemplos:
- Para espécies de raiz curta, como a alface e o cebolinho, basta uma jardineira ou um vaso pouco profundo;
- Certas plantas aromáticas, como o louro, o alecrim e a salva, formam arbustos maiores. Como tal, necessitam de vasos com, pelo menos, 30 centímetros de profundidade e de diâmetro (devem ser podadas regularmente);
- Se tiveres algum espaço no exterior, podes experimentar plantar árvores de fruto de pequeno porte, como por exemplo, macieira, limoeiro, tangerineira. Os recipientes deverão ter no mínimo 30 centímetros de profundidade. Enquanto na fase de crescimento, o ideal será mudares de vaso a cada Primavera, para outro com mais dez centímetros de diâmetro. Depois de atingida a maturidade da planta, basta que renoves, uma vez por ano, a terra à superfície (até dez centímetros de profundidade).
Depois de saberes o tipo plantas que pretendes semear ou plantar, bem como as suas necessidades, é importante escolheres o tipo de estrutura. Alguns exemplos: hortas verticais, floreiras no parapeito de uma janela, vasos numa estante, suspensos numa parede, ou em qualquer estrutura de madeira ou de ferro.
As opções são inúmeras e se tiveres recipientes inutilizados, ou à espera de uma nova vida, essa poderá ser a escolha mais interessante. Dá asas à tua imaginação e coloca alguns dos R’s da sustentabilidade em prática, nomeadamente: recupera, reutiliza, restaura, repensa. Um velho recipiente ou objecto pode resultar num resplandecente receptáculo. Ex.: paletes, baldes, latas, caixas de plástico, caixas de vinho de madeira, e muito mais. Lembra-te que deverá ter furos no fundo. Além dos recipientes, será útil ter, pelo menos, um regador e uma pá.
3. Preparar o solo e os substratos (nutrição)
- Solo – base do crescimento das plantas; constituído por matéria mineral (pedras, areia, limo e argila), matéria orgânica, água, ar e seres vivos.
- Substrato – mistura de materiais que podem substituir o solo ou serem misturados com ele, sendo constituído por materiais orgânicos como turfa, fibra de coco, serradura, casca de arroz, casca de pinheiro triturada e composto.
A fertilização do solo/substrato – por meio de um composto bem maturado e/ou um adubo orgânico (certificados para a produção biológica) – é fundamental para que as plantas absorvam os nutrientes essenciais ao crescimento. Este composto deve ser aplicado na superfície do solo/substrato (a informação quanto à quantidade está, habitualmente, no rótulo da embalagem). Em termos de frequência, sugere-se que a fertilização seja feita quatro vezes por ano: duas vezes para as culturas de Primavera/Verão, e outras duas para as culturas de Outono/Inverno. Em ambos os casos, quando se planta e um mês depois.
Nota ainda que o substrato escolhido deve ser adequado para as plantas que estás a cultivar, ou seja, que forneça os nutrientes apropriados às tuas plantas. Também podes fazer o teu próprio fertilizante.
4. Escolher as plantas a semear e/ou plantar
Na tua horta poderás cultivar diferentes tipos de plantas: hortícolas, aromáticas e flores comestíveis. Como vimos anteriormente, isso também depende do espaço que tens, da exposição solar e da profundidade do recipiente. No esquema seguinte encontras alguns exemplos de plantas para três contextos diferentes.
Como depreenderás, o clima e a época do ano influenciam a produtividade da tua horta. Por isso, a melhor época para começares a tua horta será a Primavera ou o Verão. Além disso, seleccionar as plantas mais adequadas em função dos factores espaço, exposição solar e recipientes é meio caminho andado.
Entretanto, será importante recordar o ciclo de vida das plantas, para melhor planeares a tua a horta:
- Germinação da semente.
- Fase vegetativa – na qual se desenvolvem as raízes, caule e folhas.
- Fase reprodutiva – nesta, as plantas lançam as suas flores e, após a fecundação (pólen + óvulo), essas flores transformam-se em frutos, onde estão as sementes.
- Senescência – última fase: a planta morre e liberta as suas sementes para nova germinação.
Poderás optar por plantas de ciclo curto, por isso de colheita mais rápida, como a alface, por exemplo. Uma vez que a parte comestível são as folhas, não tens de esperar pelas flores para a sua colheita. Em relação ao tomate (fruto) ou à fava (semente), por exemplo, terás de esperar pelas flores e que estas se transformem em fruto, para daí obteres as sementes para a colheita seguinte.
Assim sendo, uma boa forma de te iniciares é plantando folhas, como a alface ou os espinafres. A alface cresce bem na época mais quente, e os espinafres, como se dão bem com frio moderado, crescerão no Outono. As cenouras ou os rabanetes também são uma boa opção para quem está a começar a horta. Se plantares rabanetes no final do Verão, conseguirás desfrutar dele no prazo de oito a dez semanas.
Nota ainda que algumas culturas do período de Primavera/Verão podem ser cultivadas no período de Outono e Inverno se estiverem dentro de casa ou na marquise, com aquecimento artificial e luz suficiente.
5. Regar regularmente, em função da especificidade das plantas seleccionadas
O mais importante, em relação à rega, é que mantenhas a humidade do solo/substrato. Deves evitar encharcá-lo, dado que a água em excesso asfixia as raízes. Ao regares, deves deitar a água no solo/substrato, bem como evitar molhar as folhas das plantas – quando está calor isso provoca algumas doenças. Exemplo: regar “dia sim, dia não, se estiver calor e duas vezes por semana, se estiver frio”.
Também podes instalar um sistema de rega gota-a-gota ou um temporizador que automatize a rega. A rega por sub-irrigação é outra possibilidade, se tiveres optado por vasos com prato. Depois de o substrato estar totalmente hidratado, deita-se a água no prato e esta subirá por capilaridade. Deste modo, o substrato permanece húmido e as plantas terão a água necessária.
Dicas extras
Sugestões para plantares…
- Alface: As sementes de alface crescem em quase todas as condições – uma opção simples para cultivares em tua casa. Só precisas de um local que receba bastante luz solar.
- Espinafres: Tal como a alface, cresce em quase todas as condições se lhe providenciares uma boa drenagem e muita luz. Além disso, depois de cortares o que precisares, os espinafres que ficarem no vaso prosseguem em crescimento.
- Tomate-cereja: Este tipo de tomates caracteriza-se por ter boas produções uma vez que um pé de tomate-cereja pode dar muitos frutos. Atenta que deve “apanhar” pelo menos 4/5 horas de sol por dia e ser regado frequentemente. Por ser uma “espécie de planta trepadeira” deves incluir um suporte/tutor para assegurar o seu correcto crescimento e desenvolvimento.
- Pepinos: Crescem rápida e perfeitamente em vasos, podendo necessitar, igualmente, de um suporte para auxiliar o seu crescimento e desenvolvimento.
- Cenouras: As cenouras crescem e desenvolvem-se muito bem em vasos de maior profundidade. Apesar de fáceis de serem cultivadas o seu ciclo produtivo é relativamente longo, podendo demorar três meses até estarem prontas a serem colhidas.
Hortas urbanas e comunitárias
Para terminar, deixamos-te alguns links de hortas urbanas e comunitárias para o caso de teres interesse e disponibilidade para te inscreveres e tratares de um espaço mais amplo.
Grande Porto e Porto
Grande Lisboa
- Município de Lisboa: Câmara Municipal de Lisboa, Ambiente, Estrutura Ecológica, Parques Hortícolas
- Amadora: Horta Urbana (jf-falagueiravendanova.pt)
- Olivais: Horta d’Oliva | (jf-olivais.pt)
Coimbra
Aveiro
Fontes:
Mini-horta em casa com as dicas da DECO PROTESTE
Horta em apartamento: 8 sugestões de vegetais para plantar (acientistaagricola.pt)
Como fazer uma Horta em Casa | Cascais Ambiente
3 dicas essenciais para quem quer começar uma horta em casa (noocity.com)
