Apresentamos-te três dessas pessoas verdadeiramente influentes na revolução que se deu no início do século XX e que ajudou a impulsionar o vegetarianismo em Portugal.
Amílcar de Sousa
Amílcar Augusto de Queirós de Sousa foi um médico, escritor e autor português nascido em 1876 em Cheires (Alijó). Provavelmente a figura mais célebre da história do vegetarianismo em Portugal, Amílcar de Sousa formou-se em Medicina pela Universidade de Coimbra em 1905 e, de seguida, viveu em França durante alguns anos onde se especializou em doenças da nutrição. Quando voltou a Portugal, lançou-se numa incansável campanha em prol do naturismo e do vegetarianismo, acreditando que este modo de vida seria o mais recomendável para uma vida saudável.
Foi fundador e diretor da revista mensal “O Vegetariano” que chegou a ter quase 4000 subscritores espalhados por Portugal e pelas ex-colónias. Foi também presidente da Sociedade Vegetariana de Portugal, fundada no Porto em 1911. Para além dos inúmeros artigos que redigiu para jornais e revistas científicas, escreveu e publicou mais de uma dezena de livros, muitos dos quais foram traduzidos em espanhol.
Julieta Rodrigues Ribeiro
Julieta Adelina Menezes Rodrigues Ribeiro, de quem já falamos neste artigo sobre mulheres que se têm vindo a destacar no vegetarianismo, foi uma das figuras femininas mais ativas durante a revolução vegetariana que se deu em Portugal no início do século XX. Em 1916, publicou o livro “Culinária Vegetariana, Vegetalina e Menus Frugívoros” que conta com mais de 1 200 receitas vegetarianas adequadas a cada um dos doze meses do ano, tendo em conta a sazonalidade dos alimentos.
Dois anos antes da publicação do livro, que teve mais três edições até 1923, com dezenas de imagens de ilustração, sobretudo de gente com ar saudável e elegante, Julieta Ribeiro e Jerónimo Caetano Ribeiro, editor e um dos fundadores do periódico “O Vegetariano”, casaram-se. O matrimónio entre os dois viria a ser notícia, pois tratou-se da primeira união conhecida em Portugal entre dois vegetarianos. Segundo se conta, a boda desenrolou-se “sem despojos cadavéricos” e terá sido a primeira boda vegetariana do país!
Jaime de Magalhães Lima
Jaime de Magalhães Lima, nascido em Aveiro em 1859, foi um pensador, poeta, ensaísta e crítico literário português. Licenciou-se em Direito pela Universidade de Coimbra em 1888, onde estabeleceu amizade com os escritores Antero de Quental e Ramalho Ortigão. Admirador de Tolstói, teve igualmente o privilégio de conhecer o célebre escritor russo durante uma viagem à Rússia. Adepto fervoroso do vegetarianismo, ajudou Amílcar de Sousa a fundar a revista mensal “O Vegetariano”, para a qual redigiu vários artigos originais.
O debate sobre o vegetarianismo era intenso nos círculos intelectuais do início do século XX e Jaime de Magalhães Lima era um dos defensores mais diligentes que desafiava qualquer argumento, citando grandes filósofos vegetarianos da antiguidade e a tradição milenar do vegetarianismo no oriente. Escreveu mais de 30 livros, alguns dos quais dedicados ao vegetarianismo, como é o caso d’“O Vegetarismo e a Moralidade das Raças”.
Sentes que aprendeste algo novo ao leres este artigo? Que bom! Se queres saber ainda mais sobre a história do vegetarianismo em Portugal, recomendamos que leias também este artigo que conta de forma detalhada como é que o movimento tem vindo a crescer no nosso país desde o início do século XX.
Artigo por Tatiana Abreu
Fontes:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Am%C3%ADlcar_de_Sousa
https://alimentopia.wixsite.com/mysite/exposicao-o-vegetariano
https://www.cm-aveiro.pt/cmaveiro/uploads/writer_file/document/267/sabermais2.pdf