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Por Luís CamposNós, defensores dos animais, podemos fazer muito mais por eles do que apenas sermos vegetarianos. A ideia não é original, mas penso que escapa a muitas pessoas, o que tem consequências práticas para os animais que queremos defender.

Se queremos acabar com a prática de criação intensiva, obviamente que o vegetarianismo é muito importante, visto que o consumo de animais é a causa dessa mesma prática. Mas ser vegetariano é apenas uma pequena parte do bem que podemos fazer.

Imaginemos duas pessoas, um vegetariano e um não-vegetariano. O vegetariano tem a consciência limpa por não apoiar a exploração animal, mas não faz grandes esforços para convencer outras pessoas a reduzirem o consumo de carne e peixe. Por outro lado, o não-vegetariano, apesar de comer carne, conversa imenso com as pessoas a seu redor sobre o bem que podem fazer se reduzirem o consumo de animais, participa em campanhas de distribuição de panfletos e doa uma grande parte do seu ordenado a organizações que são eficazes a convencer outros a tornarem-se vegetarianos. Neste cenário, o não-vegetariano, em comparação com o vegetariano, leva a uma maior redução de consumo de animais e, consequentemente, a uma maior redução do número de animais torturados!

Claro, com isto não estou a defender que devemos comer animais e andar por aí a convencer outras pessoas a não o fazer. Mas se realmente queremos ajudar os animais, podemos fazer muito, muito mais do que apenas sermos vegetarianos. Dois exemplos práticos:

1 – No nosso círculo de amigos, familiares, conhecidos e até no nosso círculo de desconhecidos, encontram-se potenciais futuros defensores dos animais. Alguns deles simplesmente não se apercebem do sofrimento que está por detrás de um bife. Alguns precisam de um empurrãozinho para finalmente decidirem parar de comer animais. Alguns simplesmente precisam de um apoio social para não se sentirem isolados. Nós temos um papel muito importante na divulgação de ideias que promovem a redução do sofrimento animal – através de conversas, partilhas no Facebook, distribuição de panfletos e cartazes, participação em outras acções de sensibilização, etc., podemos revelar a muitas pessoas uma realidade que não conhecem.

2 – Acredito que as ONG têm um papel importante na diminuição do sofrimento animal. Podem fazer isto de várias formas: fazendo distribuições de panfletospublicidade televisivalobby para mudar leis, investigações sobre como convencer pessoas a diminuírem o consumo de animais, etc. Mas vontade não chega, para fazer estas coisas é preciso dinheiro! E o dinheiro chega a essas ONG através das nossas doações. Sugiro que da próxima vez que o leitor for comprar uma peça de roupa, pergunte a si mesmo – “gastar dinheiro neste casaco é mais importante do que gastá-lo numa ONG que ajude animais?”. A ideia que tenho é que, em Portugal, todas as organizações que promovem o fim da criação intensiva são (extremamente?) subfinanciadas e que se mais pessoas doassem, elas poderiam fazer muito mais pelos animais.Milhares de milhões de animais são torturados só para nós os podermos comer. Talvez nós consigamos alterar o estado das coisas. Mas ser vegetariano não chega. É preciso fazer mais.

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